domingo, 23 de janeiro de 2011

Vencedores e vencidos - uma aproximação

Francisco Figueiredo - É costume, e vou fazer uma tentativa: quem venceu e quem perdeu...
Em primeiro lugar, uma pergunta (retórica...): alguém venceu?
Venceu quem foi votar.
Venceu Cavaco Silva, porque recolheu mais votos que os adversários, porque ganhou à primeira, porque subiu a votação (percentual) relativamente à eleição de 2006.
Venceu Fernando Nobre, porque partiu (?) do zero, não tinha (?) 'máquina' e ameaçou Manuel Alegre.
Venceu José Manuel Coelho, basicamente pelas razões anteriores.
Venceu José Sócrates, porque creio que detestaria ter Manuel Alegre em Belém.
Venceu a 'política habitual', porque vive disto e para isto; e a 'política habitual' não é, em minha opinião, apenas o mundo dos agentes político-partidários: é todo o 'mundo' que gravita ao redor dos partidos e das instituições políticas do Estado, que comenta em circuito fechado, que alimenta as tricas, o diz-que-disse, interpreta os 'sinais', selecciona o que é notícia em função do que antecede.
E quem perdeu?
Perderam todos os que ficaram atrás de Cavaco Silva nas preferências dos eleitores.
Perdeu Cavaco Silva, porque foi o Presidente reeleito com menor percentagem.
Perderam o PS e o BE, porque a soma dos dois é mais pequena que a unidade (Alegre há cinco anos).
Perdeu a Democracia, porque os eleitores se afastaram das mesas de voto.
Perdeu a cidadania, porque a escolha dos nossos representantes é mais, muito mais, do que uma espécie de concurso de popularidade: somos chamados a escolher entre quem se dispõe a algo...
Perdeu a 'política habitual' precisamente pelas mesmas razões por que ganhou.

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